No dia 28 de agosto ocorreu a Oficina de Preservação de documentos ofertada pelo PET BCI (Biblioteconomia e Ciência da Informação) da UFSCar. O PET foi até o laboratório (no prédio do RH localizado na área sul da UFSCar) onde são realizadas as atividades do Fundo Antonieta dias de Moraes (FADM). A equipe do FADM é dirigida pelas pesquisadoras Luciana Gracioso, Vera Lúcia Cóscia, Ivanildes Menezes e Luzia Sigoli Fernandes. O Fundo é vinculado a FAPESP. A equipe também conta com oito estagiários, todos são (até este exato momento) da turma de 2014 do curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação, e no geral todos participam das atividades no mínimo uma vez por semana e trabalham em torno de quatro horas no processo de preservação.
Maria Antonieta Dias de Moraes foi uma importante escritora brasileira do século XX, porém ela não é muito conhecida no seu país natal, pois ela viveu a maior parte de sua vida em outros países. A maior parte de sua produção literária era dedicada ao gênero infantil, ela também publicou alguns livros de poesia. Muitos de seus livros alcançaram uma quantidade expressiva de tiragens pela Europa, principalmente na França. Ela nasceu na década de vinte do século XX e morreu em 1999. Além de ter sido uma grande escritora, Antonieta era uma mulher politicamente engajada, foi uma das primeiras mulheres a se filiar ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), inclusive viveu boa parte de sua vida no estrangeiro por conta do contexto político que o Brasil vivia na segunda metade do século X X. Era concatenada com a literatura de sua época, era amiga de grandes escritores da literatura mundial como Jorge Amado e Pablo Neruda. Antonieta também era preocupada com questões ambientais numa época que este assunto repercutia pouco.
Ela tinha o hábito de guardar todos os seus documentos, seu acervo pessoal até recentemente estava todo concentrado na Fazenda Água Vermelha, esta fazenda pertence aos seus netos e fica próximo ao município de Ribeirão Preto- SP (graças aos seus netos o acervo dela foi temporariamente cedido ao FADM). Parte deste acervo ainda se encontra neste local, mas logo estará com o FADM, entretanto a maior parte do seu acervo está com o Fundo na UFSCar de São Carlos – SP. Além dos documentos Antonieta preservou vários objetos tridimensionalidade de caráter museológico.
Na Oficina ofertada pelo PET, os participantes aprenderam algumas etapas no processo de preservação, uma das principais idealizadoras do FADM, Vera Cóscia, explicou todo processo minunciosamente. Vale ressaltar que a pesquisadora Vera tem muita experiência no processo de preservação de acervo pessoal, ela participou ativamente na organização dos acervos pessoais do sociólogo Florestan Fernandes e foi uma das principais responsáveis pelo processo de preservação dos documentos do acervo de Florestan.
O processo de preservação passa pelas seguintes fases:
Higienização;
Planificação (feita com ferro de passar;
Reparo (utilizando a fita específica para tal atividade, chamada de Filmoplast);
Chancelamento (usa-se a chancela para formar um relevo a seco nos documentos);
Descrição;
Digitalização;
inserção;
acondicionamento
Arquivamento.
Na fase da descrição podemos dividir o acervo pessoal de Antonieta em quatro grandes blocos. Os quais contém várias subdivisões. São eles: 01- Vida pessoal; 02- Produção intelectual; 03- Produção intelectual de terceiros e 04- Homenagens póstumas.
O FADM ainda tem muita fôlego para prosseguir no processo de preservação, em breve ocorrerá uma exposição relacionada a vida de Maria Antonieta. O Fundo Também ambiciona uma ACIEP para o ano que vem relacionada as obras literárias da escritora, e durante as explicações na Oficina, Vera confidenciou aos participantes que possivelmente será publicado um livro de receitas culinárias que a própria Antonieta ambicionava publicar pouco antes dela falecer.
Redigido por: Júlio Tauil